blog

Quer divulgar a sua marca neste blog?
modas.marketing@hotmail.com

Queres fazer pedidos e dar sugestões?
modasedesmodas@hotmail.com
Quarta-feira, 12 de Outubro de 2011
Rubrica: And I Think To Myself What A Wonderful World..

 

Olá, meninas! Tal como prometido, aqui está a rubrica pessoal de que vos tinha falado. Hoje apetece-me falar sobre esta semana. Devo dizer que estou um bocado triste porque não esperava que este fosse o teor do primeiro post desta rubrica. Acreditem que já tinha escolhido o nome para a rubrica há algum tempo, caso contrario, este não seria o titulo da mesma, uma vez que o que tenho para vos dizer hoje é bastante deprimente.

 

Esta semana está a correr bastante mal. Infelizmente o meu avó materno faleceu na Quinta-feira passada. Passei mal, muito mal. Chorei muito. Doeu muito. Mas comecei a pensar nas palavras amigas que ouvi e pensei no que a minha mãe, a minha avó e a minha irmã estariam a passar. Tinha de ganhar coragem e força por elas. Elas estavam muito em baixo. Eu também, mas consigo controlar melhor os meus sentimentos. Além disso foi mentalizar-me e depois tornou-se um bocadinho mais suportavel.

 

Achei que devia dedicar este post ao meu avô. É o que vou fazer. Vou dizer-vos como é que ele era e o quão importante É na minha vida. O meu avô era o homem mais honesto, humilde e simpático que eu alguma vez conheci. Cuidou de mim como um pai desde que nasci. Sempre foi uma pessoa dinâmica, faladora e divertida. Sempre quis fazer tudo o que podia por todos e sempre se recusou a ver maldade nas pessoas - à excepção do Sócrates.

 

Antes de eu nascer, o meu avô, que era militar, esteve na Guerra do Ultra-mar, então, tinha sempre muitas histórias para nos contar. Tinha tido um esquilo que lhe foi roubado pelos nativos quando foi capturado como prisioneiro de guerra. O esquilo era um amor (mostrou-nos fotografias), andava no bolso da camisa dele, quando queria fazer as suas necessidades descia pelo meu avô abaixo e saltava das botas para o chão e depois voltava. O meu avô alimentava-o à mão e ensinou-o a fazer truques, como dar a cambalhota, correr em circulos à volta do dedo e virar-se de barriga para cima. Sim, um esquilo!! Todos os amigos do meu avô se fartavam de rir com aquilo. Claro que não arranjou outro igual. Além disso também chegou a ser baleado duas vezes, também isso deu pano para várias histórias, e eu e a minha irmã ouviamos com atenção.

 

Quando era novo, foi ainda jogador de futebol do Odmira (ou Odmirense, não percebo muito disso) que era o clube da terra dele, como tal, adorava jogar à bola, ver jogos e ver tudo o que tinha a ver com desporto e essas coisas. Claro que não podia deixar de passar esses gostos para as netas, então, sempre que podia levava-nos para um jardim e ensinava-nos a "jogar à bola". Valeu-nos, mais tarde, uns pontinhos em Educação Física. Quem diria? O desporto não era a unica paixão do meu avô. Adorava dar longos passeios, chegava a estar horas fora de casa. Adorava levar-nos à praia e à natação.

 

Era o senhor mais babado a assistir das bancadas quando as netas ganhavam as provas de natação. Apoiou-nos desde o inicio até ao fim, e já antes da natação havia o ballet ao qual ele também não faltava. Sempre que acabavamos uma aula lá estava ele a puxar de uma imperial e de um pratinho de tremoços enquanto nos estendia um queque de cenoura, um pacote de batatas fritas ou um Chipicau. Deliravamos com aquilo.

 

Depois havia a praia. Também tenho boas recordações dessa altura. Nós tinhamos um spot na Costa da Caparica - a Praia Nova, junto às rochas/plataforma, mais exactamente - perto de uma "piscina" ou melhor dizendo "poça gigante junto às rochas". Era mais seguro e eramos pequeninas. Uma coisa que me estou agora a lembrar, é de quando o meu avô reparava nas velhotas e nas senhoras que estavam na praia sem a parte de cima do biquini e dizia-me a mim e à minha irmã: "Olhem! Olhem! Olha aquela com as mamocas ao léu!" E desatavamos os três a rir. Passavamos as tardes inteiras a apanhar carangueijos e depois contruiamos uma cidadade (para eles) na areia molhada. Usavamos baldes, pedras, conchas, algas, TUDO o que encontrassemos tinha potencial para matéria prima de construção. Já à tardinha, quando tivessemos quase a ir embora, passavamos pela Praia dos Pescadores, quando estes já estavam a voltar de alto-mar e iamos ver os peixas que tinham apanhado. Um dia consegui "sacar-lhes" cinco carapaus que comemos alegremente ao jantar. Eu sei que não se faz, mas na altura também não estavamos em crise.

 

O meu avô nasceu no Alentejo, em Odmira, como já tinha dado a entender. Temos lá uma casinha com quintal. Adorava o quintal, passava lá dias e dias. Todos os verões tinha um projecto novo. Pintar o tanque e o muro, pintar as risquinhas da casa (tipica casa alentejana), arrancar uma árvore, mudar as portas, arrumar a garagem, arrumar o sotão, mudar as árvores, andar de bicicleta, regar as árvores. E mostrava um contentamento especial quando fazia isso mesmo - cuidar do seu "jardim". Apanhar a fruta e podar as plantas. A árvore que mais gostava era a laranjeira, inclusivé, um dia disse-me que quando fosse "para de baixo de terra" a alma dele ia ficar numa laranjeira. Mas prefiro pensar que fica comigo e com os meus. E nós alinhávamos, mas confeço que às vezes só queriamos era descansar e ver um bocadinho de televisão. Ele tinha mais pedalada que nós.

 

Aquele sotão! Era mesmo giro. É lá que estão guardadas todas as coisas antigas dos meus avós e da minha mãe. Desde mobilias, a baus com roupa velha, a baus com loiça antiga, a baus com cadernos de escola, a brinquedos antigos - podemos encontrar de tudo um pouco! Entao nós subiamos e ficavamos a brincar enquanto o meu avô se sentava numa cadeira "a vigiar" as traquinices. Às vezes até se juntava às brincadeiras.

 

Fomos crescendo e já não gostavamos assim tanto de brincar e torna-mo-nos um pouco mais preguiçosas, então o meu avô adaptou-se. Foi ele que me ensinou a jogar à sueca e ao dominó e às damas. Também tentou ensinar xadrez, mas eu não tenho talento nenhum para aquilo. Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas. Arrancou as rodinhas da minha bicicleta e disse: Agora vai! E eu fui, caí e o pára-lamas da bicicleta cortou-me a perna. Ainda hoje tenho a cicatriz. Mas levantei-me voltei a tentar e consegui. E o meu avô sorriu. E apesar da minha professora de ballet me ter dado na cabeça vezes sem conta por ter estragado a minha linda perninha, nunca senti que não tivesse valido a pena.

 

Agora que já sou crescidinha e tenho quase vinte anos, como é obvio, já não tinhamos grande parte destas brincadeiras. Eu tenho aulas, tenho amigos e actividades que me ocupam tempo e por isso não passavamos tanto tempo juntos. Mas mesmo assim não deixámos de nos dar e eu sei que sempre fui (eu, a minha irmã e a minha mãe) a menina dos olhos do meu avô e ele sempre se orgulhou de mim e nunca lhe dei motivos para que não se orgulhasse. Quando lá estava em casa, à noite, faziamos companhia um ao outro. Viamos o telejornal e comentavamo-lo e eu ainda lhe explicava algumas coisas que a cabeça dele já não conseguia apanhar. A seguir viamos as novelas com as quais nos riamos por não fazerem qualquer sentido. E ainda viamos aquela coisa coisa que a produção da TVI copiou (ao menos não inventou) cujo nome é Secret Story e ainda nos riamos mais por terem convencido uma cambada de burros (vá.. há três ou quatro que escapam) de que eram especiais porque foram OS escolhidos de entre 4000 candidatos (quando na realidade só foram escolhidos pelo seu baixo QI para que tomassem más decisões e o "show" rendesse mais). Outra situação em que também costumavamos falar muito era nos jantares de família, no qual nos riamos sempre muito, e normalmente era o meu avô que proporcionava a diversão com uma acção curiosa como roubar os talheres da minha avó (SEMPRE) ou fazer um comentário engraçado. As conversas sobre a economia do país e a política nacional também não podiam faltar.

 

A última coisa que disse ao meu avô foi: "Até amanhã." e acho que foi uma boa frase. Primeiro, porque sei que ele estará sempre aqui a olhar por mim. Depois porque mais cedo ou mais tarde havemos de nos reencontrar. Pessoalmente não acredito em Deus, mas ele acreditava. Pessoalmente não acredito em Céu/Inferno, mas ele sim. Pessoalmente, acho que todos nascemos e morremos. Que todos temos um fim, uns melhores que outros. Se vamos para aqui ou para ali, eu não sei. Mas se pudesse escolher, escolhia uma de duas coisas: Ou re-encarnava noutra forma e tinha uma nova vida completamente diferente. Ou depositava a minha alma perto de quem achasse que precisava e dava-lhe a minha força. Não sei. Não sou uma pessoa muito "espiritual". Acho simplesmente que aconteça o que acontecer Depois, vamos todos para o mesmo sítio. Acho que só vou descobrir quando lá chegar. Por enquanto sinto-me bem por saber que o meu avô não sofreu, e tenciono honrar o nome dele o melhor que puder. Espero que ele esteja tranquilo porque estou a cuidar das meninas dele. Não sou de ferro, também preciso de apoio, mas se as vir a sorrir, ganho o dia.

 

Devo dizer que esta foi uma conquista pessoal porque consegui escrever este texto sem deixar fugir uma lágrima, e ainda sorri. O meu avô era e é um grande Senhor, esteja ele onde estiver. Sei que sempre que precisar ele vai estar por perto e vai dar-me forças para continuar. Peço desculpa por ter escrito tanto. Não era essa a minha ideia, mas queria dizer-vos tudo aquilo que Quinta-feira quis escrever para ele, mas não tive coragem. E desculpem se não era este o tipo de post que estavam à espera, mas como disse: vai ser sempre diferente. Vou escrever sobre o que me apetecer. Com isto também ficaram a saber porque é que no fim-de-semana não consegui escrever.

 

A divulgar o blog:

http://namelessps.blogs.sapo.pt/

Um blog cheio de looks, que ainda está a crescer, mas tu podes ajudar.

XOXO


tags:

publicado por Sara às 09:00
link do post | favorito

De Moda Acessivel a 12 de Outubro de 2011 às 21:36
Oh qerida, maravilhei-me a ler o teu texto, exprime o quanto é o teu avô importante para ti, sim porque a parte fisica da pessoa vai mas tudo o que deixaram ficam connosco, as aventuras, os ensinamentos tudo fica. o que já mereceu a estadia da pessoa "neste" mundo.
Pessoalmente nunca senti a dor de perder alguém de perto, qando nasci já só tinha a minha avó materna. ao qual é muito importante para mim e se um dia me faltar nem qero imaginar. Mas desde já parabéns por teres a coragem e a simplicidade de escreveres para o teu avô, pois estejam aonde estiver está decerteza feliz por saber o quanto a neta o admira!

beijinhos :)


De Sara a 12 de Outubro de 2011 às 22:09
Obrigada pelas palavras queridas, linda. Fico contente por saber que consegui exprimir o que sinto por ele da melhor forma. Muitos beijinhos


Comentar:
De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



blog blog blog


Sara Janssens, prazer.



Se quiserem descobrir mais sobre mim acompanhem o blog [aqui] e o seu canal de youtube [aqui]

segue-me contacto rubricas passatempos
.pesquisar
 
.Julho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
27

28
29
30
31


.arquivos

. Julho 2013

. Fevereiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011